Com simples técnicas de comunicação, desenvolveremos a nossa capacidade de nos relacionarmos connosco próprios e com os outros, com a nossa esposa ou marido, com os nossos filhos, nossos pais, os amigos, os colegas, os professores, os alunos, os vizinhos, os empregados e os patrões. Comecemos por aprender a conhecer os nossos sentimentos e as nossas necessidades... Demos os primeiros passos!
19 dezembro 2006
06 dezembro 2006
Procrastinacão é...
Embora para algumas pessoas seja apenas ocasional ou pontual, para outras a questão é bem mais problemática com repercussões extremamente negativas. No caso dos alunos, pode levá-los a pensar em abandonar os estudos e a escola. É fundamental detectar estas situações e auxiliar atempadamente o aluno a encontrar métodos e hábitos de trabalho e organizar-se. Também os pais e encarregados de educação devem prestar um cuidado e uma atenção muito especiais aos comportamentos e às constantes desculpas que os seus educandos vão "inventando" ou invocando sistematicamente para protelar as suas tarefas...
De acordo com o Dr. Nuno Conceição (Psicólogo Clínico) num trabalho realizado em Novembro de 1999, "a procrastinação consiste em atrasar ou adiar sistematicamente a realização de actividades relevantes. Estas actividades dividem-se em duas categorias sobrepostas: a procrastinação de manutenção e de desenvolvimento. As pessoas que adiam actividades de manutenção fazem coisas como deixar chegar o quarto a um estado de desorganização incontrolável, deixar empilhar a loiça na cozinha, entregar os livros na biblioteca muito depois do prazo, tirar fotocópias apenas na véspera dos exames, estudar para determinadas cadeiras apenas antes dos exames, entre muitas outras.
A procrastinação de desenvolvimento ocorre quando a pessoa adia actividades de desenvolvimento pessoal que podem levar a uma melhoria das condições de saúde, das condições psicológicas ou outras formas de proveito pessoal. Estas pessoas começam a ter dificuldades em encontrar maneiras de alegrar as suas vidas e melhorar a sua aceitação pessoal, a sua auto-estima, a sua sensação de auto-eficácia e as competências sociais ou profissionais, sendo que nos casos mais graves as pessoas sentem-se deprimidas, imobilizadas ou frustradas."
É sobejamente conhecida a canção "É pr'amanhã..." de António Variações:
É p’rá amanhã
Bem podias fazer hoje
Porque amanhã sei que voltas a adiar
E tu bem sabes como o tempo foge
Mas nada fazes para o agarrar
Foi mais um dia e tu nada fizeste
Um dia a mais tu pensas que não faz mal
Vem outro dia e tudo se repete
E vais deixando tudo igual
É p’rá amanhã
Bem podias viver hoje
Porque amanhã quem sabe se vais cá estar
Ai tu bem sabes como a vida foge
Mesmo que penses que estás p’ra durar
Foi mais um dia e tu nada viveste
Deixas passar os dias sempre iguais
Quando pensares no tempo que perdeste
Então tu queres mas é tarde demais
É p’rá amanhã
Deixa lá não faças hoje
Porque amanhã tudo se há-de arranjar
Ai tu bem sabes que o trabalho foge
Mesmo de quem diz que quer trabalhar
Eu sei que tu andas a procurar
Esse lugar que acerte bem contigo
Do que aparece tu não consegues gostar
E do que gostas já está preenchido.
Os portugueses procrastinam?
atitudes de conflitos, de agressividade e de comunicação violenta com os outros?!
Para nos ajudar ainda nesta reflexão,
e as possíveis formas de a vencer!
Vá um pouco mais longe e leia este artigo de John Perry
sobre a Procrastinação Estruturada
02 dezembro 2006
30 novembro 2006
A CNV e eu... em empatia!
Graças a Thomas D'Ansembourg e a Marshall Rosenberg, apercebo-me quanto ainda tenho de aprender sobre a Comunicação, tanto no seu sentido lato como nesta particularidade: a comunicação como meio de abertura e de empatia!
Este novo OLHAR sobre o mundo que nos rodeia, a vida, o Outro, desenvolveu em mim uma diferente capacidade autocrítica até hoje desconhecida. Nos vários papéis que desempenho no quotidiano, encontro a aplicabilidade prática desta nova forma de comunicar, de me relacionar com o outro e até comigo próprio.
Percorrendo as várias páginas dos livros daqueles autores, extraimos um potencial imenso de transformação positiva e de algo novo para as nossas relações pessoais, familiares, profissionais...
Enquanto professor, apercebo-me do benefícios significativos que posso adquirir para mim e oferecer aos alunos e aos meus colegas nas escolas. Estas potentes ferramentas mentais, aplicadas pela fala e pelas acções, ajudam-me a compreender a raiva, o conflito, e auxiliam-me na sua resolução, melhorando as relações com mais empatia!
Embora muito simples nos seus princípios, o processo em quatro fases da CNV, já aqui descrito neste blog, é extremamente poderoso para melhorar radicalmente e para tornar verdadeiramente autênticas as nossas relações com os outros. É-nos proposto um caminho de liberdade, de coerência e de lucidez!
Como não acredito na punição ou no castigo como meio de melhorar a nossa relação com o outro, prefiro percorrer novos caminhos...
28 novembro 2006
A CNV na Educação
Eu comecei a pensar sobre a minha frustração com esta criança e a tentar descobrir o que eu necessitava dela (além da harmonia e da ordem). Apercebi-me, então, que o tempo gasto na planificação da aula e na minha necessidade de criatividade e de contributo estavam a ser prejudicados, a fim de controlar o comportamento. Também senti que eu não ia ao encontro das necessidades educativas dos outros alunos. Quando ele agia mal na sala de aula, comecei a dizer: "Preciso de vós para partilhar a minha atenção." Isto pode ter sido feito centenas de vezes num dia, mas entendeu a mensagem e começou a envolver-se nas actividades da aula.
Professora, Evanston, Illinois, EUA
Taduzido por José Paulo Santos, a partir daqui
24 novembro 2006
O INTERVALO
20 novembro 2006
16 novembro 2006
Entrevista a Marshall Rosenberg
12 novembro 2006
DO PODER À POTÊNCIA
09 novembro 2006
O desejo de sermos melhores
"O que mais dói na miséria é a ignorância que ela tem de si mesma. Confrontados com a ausência de tudo, os homens abstêm-se do sonho, desarmando-se do desejo de serem outros. Existe no nada essa ilusão de plenitude que faz parar a vida e anoitecer as vozes."
Mia Couto, in "Vozes Anoitecidas", prefácio
08 novembro 2006
Humilhação: acto ou efeito de humilhar
Na tentativa de encontrar soluções/ estratégias para resolver, ou pelo menos melhorar, o funcionamento das aulas, questionei os alunos presentes sobre quais seriam, na sua opinião, os procedimentos mais eficazes por parte dos professores no sentido de evitar que alguns dos seus colegas perturbassem sistematicamente as aprendizagens a desenvolver, uma vez que as medidas até agora implementadas se tinham revelado infrutíferas.
Foi então que, com toda a naturalidade, um deles me respondeu:
" Eu acho que os professores, quando os alunos estão a perturbar a aula, deviam humilhá-los... Podia ser que eles se envergonhassem e mudassem de comportamento."
Pensei que tinha ouvido mal e confirmei a resposta que me fora dada.
Não sei se mais alguém se chocou com o que ele dissera. Talvez não.
Ninguém questionou o aluno, e intervim novamente:
"Se eu humilhar os teus colegas, eles responder-me-ão com melhores atitudes?! Que direito tenho eu de me defender, se, a seguir, um deles me responder com um gesto igualmente humilhante?! Sim, porque desse modo dou-lhes também o direito de me humilharem, não achas? "
E, de entre os adultos presentes, alguém, então, me respondeu:
" Claro! Se eu me portar mal, eles também têm o direito de me humilhar! Além disso, posso dizer que, há tempos, isso funcionou. Um colega da turma estava a portar-se mal, eu humilhei-o, e ele acalmou logo!"
A reflexão continuou. Não sei o que pensam os restantes participantes sobre o assunto.
Apenas sei e sinto que que não quero ir por aí!
Estou agora consciente que, sem nos darmos conta, reproduzimos, eu incluída, modelos altamente geradores de violência.
A humilhação pode momentaneamente dissuadir uma pessoa, mas por quanto tempo? Cairá no esquecimento daquele aluno?
Creio que não. Devolvê-la-á ao professor ou a outro qualquer na próxima oportunidade.
E assim vamos gerando e recebendo, gerando e recebendo, vivenciando e ensinando violência, dor, incompreensão.
Quando conseguiremos interromper este processo de herança-transmissão de respostas violentas para a resolução dos nossos problemas?
É urgente a comunicação não violenta!
É urgente aprendermos a mediar conflitos na escola!
06 novembro 2006
As pequenas coisas da vida...
a esboçar um sorriso, a aliviar o nosso stress, a nossa angústia ou tristeza.
Tenha um dia lindo...
;-)
05 novembro 2006
01 novembro 2006
Tocando em frente - Maria Bethânia
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu sou
Estrada eu vou
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega e no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir
10 passos para a paz
(Imagem daqui)
10 things we can do to contribute to internal, interpersonal, and organizational peace
(1)
Spend some time each day quietly reflecting on how we would like to relate to ourselves and others.
(2)
Remember that all human beings have the same needs.
(3)
Check our intention to see if we are as interested in others getting their needs met as our own.
(4)
When asking someone to do something, check first to see if we are making a request or a demand.
(5)
Instead of saying what we DON'T want someone to do, say what we DO want the person to do.
(6)
Instead of saying what we want someone to BE, say what action we'd like the person to take that we hope will help the person be that way.
(7)
Before agreeing or disagreeing with anyone's opinions, try to tune in to what the person is feeling and needing.
(8)
Instead of saying “No,” say what need of ours prevents us from saying “Yes.”
(9)
If we are feeling upset, think about what need of ours is not being met, and what we could do to meet it, instead of thinking about what's wrong with others or ourselves.
(10)
Instead of praising someone who did something we like, express our gratitude by telling the person what need of ours that action met.
The Center for Nonviolent Communication (CNVC) would like there to be a critical mass of people using Nonviolent Communication language so all people will get their needs met and resolve their conflicts peacefully.
© 2001, revised 2004 Gary Baran & CNVC
The right to freely duplicate this document is hereby granted.
Informação daqui.
S.
30 outubro 2006
Buda e Gandhi
Buda
“Aproxima-te do sábio que condena os teus erros.”
Buda
“Somos o que pensamos. Tudo o que somos resulta dos nossos pensamentos. Com os nossos pensamentos, construímos o mundo.”
Buda
“Seja qual for o número de palavras sagradas que leia, que pronuncie, que bem lhe farão se os seus actos não condizem com elas?”
Gandhi
"A felicidade existe quando os vossos actos estiverem de acordo com as vossas palavras."
Gandhi
"Comece por mudar em si aquilo que deseja mudar à sua volta."
Gandhi
"Vive como se tivesses de morrer amanhã. Aprende como se tivesses de viver para sempre. "
Gandhi
"Como aprender a conhecer-se a si mesmo? Pela meditação, nunca, mas sim pela acção. "
Gandhi
25 outubro 2006
"Um homem comum está preocupado demais com gostar das pessoas e em que gostem dela. Um guerreiro gosta e pronto. Gosta de quem ou daquilo que bem entender, porque sim".
(Carlos Castaneda, em A Roda do Tempo)
24 outubro 2006
23 outubro 2006
Crónica - O amor não dá direito algum
E, no entanto, é isso que acontece em muitas relações amorosas ou de casal. Um dos dois, porque ama, impõe exigências. Espera que o outro corresponda às suas expectativas, satisfaça os seus desejos, mitigue as suas necessidades. E o outro, porque se sente amado (ou gostaria de ser mais amado ou ainda mostrar toda a beleza do seu amor, para agradar, para não magoar, para não gerar problemas no casal) ,vai aceder aos pedidos e expectativas do primeiro.
“Deverias parar com os estudos; deverias gastar menos; deverias gostar de fazer amor mais vezes comigo; deverias gostar da tua mãe; deverias ser mais simpático; estar mais presente…"
Temos, é claro, homem ou mulher, o direito de ter desejos e aspirações. Temos o direito de desejar partilhar mais com o outro, que ele esteja mais presente, mais atento, mas essas necessidades podem ser expressas através de pedidos abertos e não através de juízos de valor, acusações ou exigências disfarçadas.
É próprio de um desejo poder ser enunciado, o que não significa que ele possa ser sempre concretizado ou satisfeito.
E, contudo, é o que se passa geralmente. Aquele ou aquela que emite um desejo quer que o outro o satisfaça e, por vezes mesmo, fazer sentir àquele ou àquela que resiste o peso da culpa com sentimentos “Se me amasses mesmo; se sentisses mesmo amor por mim, não dirias essas coisas…”.
Ou ainda uma pressão ligada aos papéis que se atribuem ao outro. “Na minha família, a minha mãe nunca discutia sobre o que o meu pai dizia. Ela sabia que estava ali para satisfazer as suas necessidades, para lhe evitar preocupações…”
Apesar das aparências, as relações de força entre homens e mulheres não mudaram muito em 50 anos. Houve mutações e alterações importantes nos modos de vida, no lugar da mulher na sociedade. É evidente que há mais mulheres a aceder a uma autonomia financeira; que muitas fizeram estudos, têm uma abertura de espírito que deveria permitir-lhes evitar a dependência, definir-se melhor, respeitar-se, afirmar-se. Porém, diante delas, há homens que tiveram mães que quase sempre lhes satisfizeram todos os seus desejos; que lhes deixaram acreditar que os desejos deles eram mais importantes que as necessidades delas; que se devotaram, se sacrificaram.
Será necessário, pelo menos, duas gerações para fazer evoluir as estruturas mentais que regem em profundidade as relações entre homens e mulheres.
Mas não é em vão começar… Já!"
de Jacques Salomé,
L'amour ne donne aucun droit
traduzida por José Paulo Santos,
com autorização e proposta expressa do seu autor.
Jacques Salomé é autor de:
* Aimer et se le dire. Niculescu
* Le courage d'être soi. Curtea Vecche
* Jamais seuls ensemble. Curtea Vecche.
Ao abandono...
"Quantas vezes, no nossos relacionamentos, a qualidade da relação se torna acessória quando confrontada com os problemas concretos! Resolvem-se primeiro as questões de intendência, ou seja, de organização material, e só depois tratamos de nos entender, se sobrar tempo..."
"Enquanto eu não fizer o ponto da situação relativamente às minhas várias necessidades, sujeito-me a adoptar cegamente uma atitude que preencha uma única necessidade, pondo de parte todas as outras. O risco que se corre é a crispação na vida e, por fim, a anestesia."
"Se recalcarmos uma parte de nós sem nos darmos previamente ao trabalho de acolhê-la, arrastaremos para sempre connosco essa parte abandonada, porque não lhe dedicámos o necessário tempo de luto - já que nem sequer a deixámos viver. Essa parte de nós, deixada ao abandono, irá então pesar intensamente sobre as partes realmente vivas, pondo em risco o nosso impulso vital."
O que EU quero...
Posso trabalhar a consciência do que quero
e dirigir o meu pedido a uma pessoa competente..."
"A comunicação consciente e não violenta
convida-nos a identificar e tomar consciência da necessidade
que existe por detrás da carência,
e a expô-la à pessoa competente para nos ajudar,
sendo que esta corresponde muitas vezes a nós próprios"
(D'Ansembourg)
Sofrimento para crescer
E quem arrastamos connosco
nessa longa caminhada para o sofrimento,
além daqueles que amamos?
Cuidar é...
de conhecer uma responsabilidade nunca antes imaginada ou concretizada.
O bom São Bernardo...
1. Necessidade de identidade:
"poderei ser eu mesma sem ter que me estafar a fazer tudo o que é preciso para ser boa mãe, boa esposa... Se já não sou boa mãe, então quem sou?"
2. Necessidade de segurança afectiva:
"poderei amar-me e ser amada pelo que sou e não pelo que faço?"
3. Necessidade de ter confiança:
"poderei confiar que as coisas vão correr bem, mesmo que eu não esteja a controlar tudo?"
Deixar de ter medo de ter medo...
O que realmente nos pode libertar é deixarmos de ter medo de ter medo.
Não tenho tempo...
do que em conseguir agravá-los".
Por que dispendemos tempo nos nossos conflitos e passamos o tempo a dizer: não tenho alternativa, não tenho tempo? Porém, arranjamos sempre tempo para as discussões, para desenterrar feridas, para magoar o outro... Não é absurdo?! Será que nos sentimos melhor quando sofremos ou vemos o outro sofrer? Não seria melhor empenhar todo o nosso esforço para nos sentirmos felizes e realizados, por termos conseguido saber evitar a violência sobre nós e sobre o outro?
O vaso que transborda...
"A verdade é que esvaziar o meu vaso regularmente implica eu eu seja mais VERDADEIRO DO QUE BOA PESSOA!"
O rectângulo branco é... liberdade!
"Um rectângulo branco no chão, dividido em duas partes iguais, uma bola e um tempo predefinido e algumas regras (regra e constrangimento) permitem jogar à bola." LIBERDADE
"O sinal vermelho e as regras do código da estrada possibilitam o exercício, de um modo mais satisfatório e seguro, da nossa liberdade de circular".
"Enquanto não tomarmos consciência do sentido da regra, até podemos ter vontade de jogar sozinhos fora do enquadramento. Mas se estivermos conscientes do sentido da regra, temos certamente mais hipóteses de sentir prazer em partilhar o jogo!"
Arame farpado
21 outubro 2006
20 outubro 2006
O método da CNV
O método baseia-se numa verificação, a de que uma pessoa se sente melhor:
- quando é capaz de identificar claramente aquilo a que está a reagir;
- quando manifesta uma boa compreensão dos seus sentimentos e das suas necessidades;
- e quando sabe formular pedidos negociáveis, estando segura de que será capaz de acolher a reação do outro, qualquer que ela seja.
- quando percebe claramente aquilo a que o outro se está a referir ou a reagir;
- quando manifesta uma boa compreensão dos sentimentos e das necessidades do outro;
- e quando é capaz de acolher um pedido negociável, sentindo a liberdade de não concordar e de procurar em conjunto uma solução que satisfaça as necessidades das duas partes, sem prejuízo de uma nem da outra.
Qual a sua relação com o texto?
Se desejar saber a resposta, coloque aqui a sua dúvida ou questão no "Comentário"
;-)
16 outubro 2006
"EU TAMBÉM TENHO MEDO"
11 outubro 2006
PARTILHAR SENTIMENTOS
Espaço RUAH - Plano de Actividades 2006 | 2007
OBJECTIVOS/ESTRATÉGIAS Dar a conhecer o Plano para este ano - Sondar vontades de participação e formar equipas. Estudar divulgação
FACILITADORES Ilda
ACÇÕES Meditação
DATA Semanal (3ª Feira -21h)
OBJECTIVOS/ESTRATÉGIAS Facilitar a aprendizagem de parar - Treinar o silêncio interior como meio de evolução
FACILITADORES Ilda
ACÇÕES Reflexão CRISTÃ
DATA Mensal (em datas a marcar) 1ª 20/10 às 21h.
OBJECTIVOS/ESTRATÉGIAS Desenvolver a dimensão espiritual centrada na tradição judaico-cristã, mas aberta a outras espiritualidade
FACILITADORES Ilda
ACÇÕES Grupo de Desenvolvimento Pessoal
DATA 4-5 de Nov. seguido de outros encontros a marcar
OBJECTIVOS/ESTRATÉGIAS Facilitar o DESPERTAR interior - Facilitar a aprendizagem da mudança e da evolução
FACILITADORES Ilda
ACÇÕES Feira da SOLIDARIEDADE
DATA 1-3 de Dezembro
OBJECTIVOS/ESTRATÉGIAS Desenvolver a dimensão da Ecologia Social e Ambiental - Aprendizagem da “simplicidade voluntária”
FACILITADORES Equipa a formar para o efeito
ACÇÕES Apresentação da UNIPAZ
DATA 31/3/2007
OBJECTIVOS/ESTRATÉGIAS Divulgação da UNIPAZ em Aveiro como meio poderoso de Des. Pessoal e de caminhos da Paz
FACILITADORES Dalila Paulo
ACÇÕES Festa da PRIMAVERA
DATA Março / Abril
OBJECTIVOS/ESTRATÉGIAS Desenvolver a dimensão de Ecologia Ambiental
FACILITADORES Equipa a formar
ACÇÕES Meditação (workshop)
DATA Maio
OBJECTIVOS/ESTRATÉGIAS Aprofundar a arte de Meditar
FACILITADORES Pedro Adão (a contactar)
ACÇÕES Caminhada
DATA Junho
OBJECTIVOS/ESTRATÉGIAS Fazer uma síntese das três Ecologias, com incidência na Ecologia Ambiental
FACILITADORES Equipa a formar
ACÇÕES Avaliação
DATA Julho
OBJECTIVOS/ESTRATÉGIAS Perceber se os objectivos foram atingidos - Ver reajustamentos a fazer - Delinear traços gerais para 2007-2008
FACILITADORES Ilda
Coordenadora: Ilda Fontoura Pires
Est. da Taboeira, 5-1ºD.to - Esgueira | Aveiro
Contactos: 234315279 / 962655009
E-mail: ildapires@netcabo.pt
http://ildafontoura.blogspot.com
07 outubro 2006
CRISES OU OPORTUNIDADES?
05 outubro 2006
Curso de Especialização em Mediação de Conflitos em Contexto Escolar
de Conflitos em Contexto Escolar
25 de Outubro a 24 de Novembro de 2006
Consulte aqui
o programa completo do curso
04 outubro 2006
Hubert Reeves... sobre a violência.
não são um grande problema,
mas 7 mil milhões de pequenos problemas".
Hubert Reeves
Página oficial do astrofísico canadiano
Violência... por falta de vocabulário!
Semana da Mediação - 2ª Edição
Vamos falar de mediação - também em contexto escolar e comunitário.
Apareçam e contribuam com a V. experiência.
Todos temos a ganhar e nada a perder.
Programa completo aqui.
S.
A solidão... na Sociedade de Informação e Conhecimento
A pedra não tem esperanças em ser algo mais que pedra,
mas ao colaborar com as suas semelhantes agrupa-se e torna-se Templo.
Antoine de Saint-Exupéry
LER, ler, ler...
LER é...
Desenvolver
Ampliar horizontes
Compreender o mundo
Comunicar-se melhor
Escrever melhor
Relacionar-se melhor com o outro
(Andréa Machado/ Edson Teixeira)
Perante isto, por meio de salteio de partes, três questões se colocam quando me proponho ler um livro:
# Por que ler este livro?
# Será uma leitura útil?
# Dentro de que contexto ele poderá enquadrar-se?
Estes livros aqui aconselhados pela Sónia, assim como aqueles que se apresentam na faixa lateral direita, DEVEM ser lidos, pelas razões acima enunciadas e por estas:
# porque me ajudam a compreender melhor as minhas atitudes, os meus sentimentos, as minhas incertezas, os meus medos;
# porque me ajudam a OUVIR os meus filhos, os meus alunos, os meus familiares e a dar resposta aos sentimentos e às necessidades dos que me rodeiam, serena e tranquilamente!
# e mais ainda: ajudam-me a entender que sou responsável por tudo o que faço e digo! Deixo de culpabilizar e violentar o outro!
Os pais e professores precisam de se juntar nesta Aventura da Educação e, em simbiose, procurar respostas para o mal-estar que os nossos filhos e alunos revelam em casa e na Escola... Acreditem que há soluções e estas começam, imaginem, no interior de um livro!!!
Obrigado, Sónia, pelas belíssimas propostas de leitura!
03 outubro 2006
Leituras em cnv - Pais
Num blog de professores, sendo eu filha de uma professora do ensino básico, não posso deixar de ressaltar um ponto que permanece afastado quando se fala em mudanças de política de educação - os pais.
Por isso, e porque acredito que nos devemos emancipar civicamente, fica uma sugestão de leitura para pais, professores, e todos aqueles que se interessam por estas coisas, para que a responsabilidade seja também nossa.
S.
Obstáculos ou desafios
30 setembro 2006
Excerto da carta enviada à Sra. Ministra pelos Sindicatos
Parece-me a mim que os envolvidos nesta discórdia e intransigência precisam de ajuda, não acham?
Se desejam mostrar aos cidadãos, às crianças e aos adolescentes portugueses que é possível resolver-se os problemas através do diálogo, procurando agir no sentido de atender às necessidades, aos princípios e aos valores básicos e universais, comecem, meus senhores, por abrir as portas à EMPATIA!!!
"Estamos perante uma situação de conflitualidade que em nada favorece o futuro da Educação e a melhoria do sistema educativo, porque é lugar comum afirmar-se que essa melhoria só se alcança com os professores e não contra eles. Ora, a proposta apresentada pelo Ministério da Educação de revisão do ECD só se caracteriza por normas extremamente penalizadoras dos docentes, não tendo no seu articulado qualquer estímulo ou ponto de vista motivador de uma classe profissional indispensável ao desenvolvimento futuro do país."
em 28 de Setembro de 2006, subscrita por 13 sindicatos
http://www.fenprof.pt/Default.aspx?aba=27&cat=34&doc=1700&mid=115
Ontem... e hoje!
"Ainda ontem pensava que não era mais do que um fragmento trémulo sem ritmo na esfera da vida.
Hoje sei que sou eu a esfera, e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim."
Khalil Gibran
Ensaio sobre a surdez - Parte I
Simultaneamente, constato que todos parecemos cada vez mais convictos das nossas certezas, das nossas verdades, e daí ser cada vez mais difícil abdicarmos das nossas convicções e exigências.
E, independentemente da quantidade, da qualidade pragmática e/ou da autenticidade dos argumentos que suportam as nossas motivações, o resultado é, com frequência, o mesmo – não sermos compreendidos.
Quase instintiva e instantaneamente nos sentimos desrespeitados, ofendidos, maltratados, ignorados, humilhados, etc,etc,etc.
E quase invariavelmente, também, concluímos que a culpa, a responsabilidade do que estamos a sentir, leia-se sofrer, é do outro, simplesmente porque não “respondeu”, não resolveu, não agiu de acordo com as nossas expectativas, as nossas prioridades, as nossas necessidades.
Porquê???!!! Indignamo-nos. Era tão óbvia a nossa necessidade!
Pergunto-me hoje: Serão assim tão óbvios para os outros os nossos sentimentos? Serão assim tão transparentes algumas das nossas tão veladas, e algumas delas tão inconsciente e secretamente guardadas, necessidades? Terão os nossos interlocutores compreendido realmente o(s) nosso(s) pedido(s)?
Não! Se assim não fosse, sentir-nos-íamos mais satisfeitos, mais realizados, mais felizes. E não teríamos, então, tanta necessidade de acusar. De gritar!
Acusar? Gritar? Eu acusei?! Eu gritei?!
Provavelmente não.
E provavelmente sim.
(continua)
O icebergue
"Só se vê com o coração. O essencial é invisível para os olhos".
Saint-Exupéry
Passamos grande parte do nosso tempo a julgar, a rotular, a culpabilizar, com uma linguagem (des)responsabilizante, e utilizamos o sistema binário (branco/preto; positivo/negativo;...), tomando o pouco que vimos do outro pela sua realidade completa.
Violenta-se toda a beleza da pessoa, uma beleza que não se vê, porque é interior.
Um certo aspecto da pessoa despertou em nós medo, desconfiança, ira ou tristeza (...), então julgamos, reduzimos o outro a uma categoria, fechamo-lo dentro de uma gaveta. (D'Ansembourg)
Será que olhamos mesmo para o outro com o coração?
"If we wish to fully express anger,
the first step is to divorce the other person
from any responsibility for our anger."
- Marshall B. Rosenberg, Ph.D.
29 setembro 2006
Quando as minhas necessidades não estão satisfeitas...
- Alguém, anonimamente, deixou um comentário ao texto que escrevi mais abaixo, intitulado "A empatia... na escola"... Confesso que, antes de conhecer as técnicas da Comunicação Não Violenta, seria capaz de responder "à letra" a esta colega anónima, deixando bem marcada a minha fúria, a minha raiva, a minha indignação, por me sentir tão profundamente ofendido com algumas afirmações aqui proferidas...
- Porém, não é o que farei, pois, não me sinto minimamente atacado, nem ofendido com tais palavras!
- Talvez a colega se sinta só, incompreendida pela tutela, revoltada contra as medidas que estão a ser tomadas "contra" ela e todos os professores deste país; precisa que o seu trabalho seja reconhecido e precisa que alguém a ouça... Pois, bem, aqui estou para OUVI-LA, ESCUTÁ-LA atentamente!
- Sente-se indignada com o texto que escrevi... Sentir-se-ia melhor se eu proferisse palavras contra a Senhora Ministra da Educação, sentindo-se assim mais apoiada com a minha solidariedade, responsabilizando a Dra. Maria de Lurdes Rodrigues pelo mal-estar nas escolas.
- Gostaria que eu escrevesse um texto bem violento contra as medidas e a política actual do Ministério da Educação, é isso?!
- __________________
- Anonymous said...
-
Estou pasmada com tanta flexibilidade e tolerância ...
O amigo é professor? Se o é onde ?!...
Quantos anos tem de serviço?
É que eu sou professora , vai para 29 anos , já apanhei todo o tipo de escolas , alunos , colegas e condições ...
Pergunto : Essa tolerância toda que tem ou diz que se deve ter , não terá a ver com o que tem por trás a "sustentá-lo"? Foi a Sra Ministra que lhe encomendou o sermão?!
Gostava de saber para que raio serve um computador numa sala de aulas no nordeste transmontano quando as criançinhas não teem aquecimento na sala e teem que levar uma latinha com as brasas para colocaram aos pés para se aquecerem . Pois a Sra Ministra não deve ter conhecimento desta escola e de muitas outras nas mesmas condições... é mentira se calhar !!! Vai p'ró saco !.
Além desta situação as crianças ficam tão longe de casa que teem que levar uma marmita com a sopa para aquecer , e um naco de pão com chouriço para se aguentarem toda a manha .
Vá trabalhar no duro e a sério e depois venha criticar com fundamento os professores que teem sido vilipendiados na sua dignidade profissional .
E no estrangeiro onde para o ensino do Português ...?? Só na Alemanha 800 alunos nacionais estão desde Agosto sem aulas o governo não colocou lá docentes ...
Pouca vergonha não há dinheiro? Mas há dinheiro para pagarem chorudas pensões aos "senhores fulanos de tais " e depois arranjar-lhe mais um ou dois tachos como gestores de empresas publicas e se possível tachos vitalícios .
Olhe meu caro e mais não digo que ainda me vai acusar de falta de patriotismo , ou de uma qualquer cegada infantil.
Que Deus o ilumine e proteja a si e aos seus . 29/9/06 11:59
Não tenho palavras...
“Não tenho palavras para exprimir a minha solidão, a minha tristeza ou a minha ira.
Não tenho palavras para exprimir a minha necessidade de diálogo, de compreensão, de reconhecimento.
Então critico, insulto ou bato. Então injecto-me, bebo, ou entro em depressão”
Thomas D'Ansembourg, Seja Verdadeiro, (p.25)
Justiça Restaurativa
propõe-se escutar as emoções abafadas, soltá-las, identificar posições e interesses, facilitar o encontro das mesmas e, porventura, alcançar uma solução que se encaixe na abordagem conjunta de determinado evento criminal,
suas consequências e possíveis formas de reparação. Se tal desiderato não ocorrer, pois então, estará o sistema tradicional de Justiça, último reduto de intervenção estadual neste âmbito, que deverá dar uma resposta eficaz na realização da Justiça, tal como a Lei a configura.
Tão simples são as coisas simples.... É apenas comunicar..."
Sónia Sousa Pereira
http://jusrespt.blogspot.com/2005_05_01_jusrespt_archive.html
Justiça Restaurativa em Portugal
21 setembro 2006
A empatia... na escola!
Enquanto, como professor, continuar a lamentar a "perda de autoridade" e procurar vãs formas de a recuperar, poucas energias canalizarei para ouvir os sentimentos e as necessidades dos meus alunos...
Enquanto continuar a exigir, a pedir, a mandar, a avaliar, a rotular, a analisar, a comparar, a culpabilizar e a falar demais e não aprender a dar espaço aos meus alunos para expressar, de facto, o que sentem e do que necessitam para nos envolvermos num diálogo criativo e pacífico, receio que nunca mudarei e não me abrirei à possiblidade de contrariar o crescente pensamento pessimista: "o mundo é cruel e, se quisermos sobreviver, também tenho de ser cruel!"... E a indisciplina aumenta, a agressividade verbal e física agravam-se, a falta de respeito e o conflito na sala de aula exacerbam-se!
Há dias, em conversa com um responsável de uma reconhecida editora livreira portuguesa, dizia-me que a publicação de obras na área das Ciências da Educação era um nobre esforço inútil, na medida em que os professores não os compram, logo, não os lêem! Lamentei o facto e concordei... Temos de ser mais curiosos, de saber mais e de conhecermos novas abordagens e técnicas de resolução de conflitos! Elas existem...
Cada vez mais ouço os professores afirmarem: "tenho de dar aulas", como se se sentissem obrigados, impelidos a cumprir uma obrigação, uma tarefa desagradável, onde não se evidencia a possibilidade da escolha. E dos alunos?! Ouço: "Tenho de ir para a aula..."
Pouco enriquecimento vejo nestas vidas... Onde pára a responsabilidade de cada um de nós?! Será que a organização-escola não tem a responsabilidade de criar, também ela, as melhores e sãs condições para que o bem-estar e a felicidade possam, de facto, ser uma realidade?!
Onde está a empatia na escola?! A Sra. Ministra da Educação também é responsável pelas atitudes de cada um?! Quando o aluno é enviado para fora da sala de aula, também devemos a culpa à atitude ou às medidas da Sra. Ministra?! Quando vemos os alunos a abandonar a escola e a ter insucesso, também a Sra. Ministra deve ser culpabilizada?!
Este blog, com tempo e espaço, irá abordar questões relacionadas com a empatia, a mudança ao nível pessoal e profissional e aprofundará, o mais possível, técnicas de comunicação que nos possam ajudar a minimizar os conflitos em vários momentos das nossas vidas, dando prioridade ao contexto escolar...
A ajuda e o contributo de todos os professores é essencial...
19 setembro 2006
"...adultos ensurdecidos falam para ouvintes proibidos de falar..."
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Numa reportagem de Isabel Leiria em O Público de 15 de Junho regista-se a declaração de uma professora, Sofia Pereira, a propósito da proposta de participação de pais na avaliação do desempenho profissional anual dos professores: «No outro dia uma colega minha mandou um aluno para a sala de estudo [leia-se, de castigo] e ele disse logo: “ainda bem que para o ano é o meu pai que vai avaliar os professores”.»
Mais do que a interessante resposta, importa reter a natureza do castigo para além da implícita expulsão da sala de aula a que o aluno acabava de ser sujeito.
Ocorre-me, a propósito, como, no decurso de um projecto de intervenção pedagógica em que participei na Escola Paula Vicente, fui surpreendido por uma medida do Conselho Directivo que se revestia do mesmo significado que aqui quero sublinhar.
Um grupo de professores desenvolveu, ao longo dos últimos anos, um rigoroso e inovador programa de animação das bibliotecas escolares para desenvolvimento do gosto pela leitura e para apoio ao estudo na escola, liderado por Conceição Rolo e Margarida Leão. O Conselho Directivo decidiu que os alunos desocupados, por falta dos respectivos professores ou por terem sido expulsos das aulas, passassem a ocupar obrigatoriamente, a partir de então, os espaços destinados ao trabalho de pesquisa documental, estudo e leitura recreativa, necessários para o desenvolvimento daquele programa fundamental.
São dois exemplos, hoje correntes, de formas de ocupação, sentidas como castigo pelos alunos, em espaços escolares que deveriam ser exaltados pelo seu valor essencial para a construção de uma relação positiva e desejada com o saber.
A banalização perversa com que os professores tratam lugares de cultura, transformando-os em sítios de privação e de castigo, denuncia a falsa relação que muitos desenvolvem com a sua profissão, que devia alicerçar-se numa função social indispensável de agentes culturais.
Na mesma reportagem de O Público, Elvira Duarte, professora em Almada, num apelo às famílias para que se mantenham ao lado dos professores, declarava que «um país que não respeita os seus professores é um país profundamente doente».
Para que todos nos possamos respeitar, é fundamental que cada professor comece por cultivar o discernimento crítico e o amor pelo saber.
As declarações e os actos que sublinho representam graves traições à profissão e à cultura.
Quando dos professores esperamos que sejam portadores de cultura e criadores de humanidade devolvem-nos a culpa que lhes pertence e devastam os lugares de construção dos saberes com a sua indiferença. São estes alguns sinais do profundo equívoco em que nos encontramos.
Vem tudo isto a propósito do Estudo, tão mal tratado nas escolas e pelos professores.
Na escola que temos, império do método simultâneo, onde adultos ensurdecidos falam para ouvintes proibidos de falar, é cada vez mais difícil encontrar lugar para trabalho de estudo. Essa actividade central do labor intelectual foi expulsa da escola e tornou-se trabalho para casa. Assim se revela, de entre outras demasiadas coisas, a degradação cultural a que chegou a escola e a profissão docente.
Neste número monográfico de Escola Moderna, Ângela Rodrigues apresenta a componente teórica do estudo empírico que nos comunicou no nº 21 de 2004 (pp. 33-63) a propósito das dificuldades reveladas pelos alunos ao nível dos seus hábitos de trabalho intelectual, especialmente na compreensão e representação gráfica de textos.
Trata-se agora de mais um importante contributo para a formação no Movimento, sobre os modelos de compreensão da leitura, das estratégias de essencialização da informação, de utilização prática fundamental para cada um dos nossos alunos, bem como de uma breve perspectiva sobre Modelos de Estudo.
Estes auxiliares para o trabalho intelectual, quando estudamos ou quando acompanhamos o estudo dos nossos alunos são um pequeno passo necessário para quem vê “a aprendizagem como um conjunto de processos de interacção, de negociação e de colaboração, passando por formas de conhecimento socialmente apropriadas e transformadas através desses processos”, como nos lembra a Ângela, citando Palincsar (1998), a propósito da perspectiva sócio-cultural que informa o nosso trabalho no Movimento.
Sérgio Niza