"Tanto na família como na escola, é preciso espaços e tempos para permitir às crianças falarem do que sentem, ajudá-las a dar nome às suas emoções, dar-lhes os meios de enfrentar as suas experiências interiores.
Partilhar aquilo que se sente é uma maneira indirecta de dizer a uma criança «tu és normal», «isso acontece a toda a gente». Os querubins pensam que só eles têm sonhos, que só eles vêem monstros nos seus pesadelos, que só eles têm emoções negativas. Podem culpabilizar-se por isso, sentir-se maus. Facilmente deduzem que não são aceites, e tornam-se defensivos. Quando um adulto lhes diz: «Eu também tenho pesadelos», «eu, às vezes também tenho medo...», eles não se sentem inseguros por lhes darmos uma imagem de pai fraco ou imperfeito; pelo contrário, isto dá-lhas segurança. É falando de si que os adultos dão à criança, simultaneamente, confiança neles e em si. Se não disserem nada dos seus pensamentos íntimos, das suas emoções, cavam um fosso na relação. (...) Para as crianças, os adultos são modelos. É inútil dizer-lhes «Faz isto, ou faz aquilo...», «Podes dizer-me tudo quanto vai no teu coração, sabes disso...». Ela só falará se o pai ou a mãe também partilharem o que lhes vai no coração. Atenção, não se deve, em caso algum, utilizar os filhos como confidentes. Eles não têm que carregar com as nossas dificuldades. Devemos dar-lhes as chaves para compreenderem os nossos comportamentos, para melhor se compreeenderem a si próprios e se aceitarem".
(FILLIOZAT, Isabelle, em A Inteligência do Coração, Pergaminho, 1997)
Não sei o que vão pensar deste texto da Isabelle. A mim, deixou-me uma grande interrogação: sabem os adultos, pais, mães, professores/as, ler as suas próprias emoções? Por onde anda a nossa literacia emocional?
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