30 setembro 2006

Excerto da carta enviada à Sra. Ministra pelos Sindicatos

Em momentos em que o conflito parece irromper, os mediadores da CNV actuam, aplicando as suas técnicas para ajudar a resolver uma relação entre oponentes, restabelecendo a harmonia e cooperação!
Parece-me a mim que os envolvidos nesta discórdia e intransigência precisam de ajuda, não acham?
Se desejam mostrar aos cidadãos, às crianças e aos adolescentes portugueses que é possível resolver-se os problemas através do diálogo, procurando agir no sentido de atender às necessidades, aos princípios e aos valores básicos e universais, comecem, meus senhores, por abrir as portas à EMPATIA!!!


"
Estamos perante uma situação de conflitualidade que em nada favorece o futuro da Educação e a melhoria do sistema educativo, porque é lugar comum afirmar-se que essa melhoria só se alcança com os professores e não contra eles. Ora, a proposta apresentada pelo Ministério da Educação de revisão do ECD só se caracteriza por normas extremamente penalizadoras dos docentes, não tendo no seu articulado qualquer estímulo ou ponto de vista motivador de uma classe profissional indispensável ao desenvolvimento futuro do país."

excerto da Carta dirigida à Ministra da Educação,
em 28 de Setembro de 2006, subscrita por 13 sindicatos
http://www.fenprof.pt/Default.aspx?aba=27&cat=34&doc=1700&mid=115


Ontem... e hoje!

"Ninguém poderá alcançar a aurora
sem passar pelo caminho da noite".

"Ainda ontem pensava que não era mais do que um fragmento trémulo sem ritmo na esfera da vida.
Hoje sei que sou eu a esfera, e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim."

Khalil Gibran

Ensaio sobre a surdez - Parte I

De algum tempo a esta parte, tenho observado mais atentamente à minha volta, e a mim mesma, no intuito de compreender os motivos que justificam a dificuldade de nos fazermos entender e, consequentemente, aceitarmos e irmos ao encontro das solicitações do outro.

Simultaneamente, constato que todos parecemos cada vez mais convictos das nossas certezas, das nossas verdades, e daí ser cada vez mais difícil abdicarmos das nossas convicções e exigências.

E, independentemente da quantidade, da qualidade pragmática e/ou da autenticidade dos argumentos que suportam as nossas motivações, o resultado é, com frequência, o mesmo – não sermos compreendidos.

Quase instintiva e instantaneamente nos sentimos desrespeitados, ofendidos, maltratados, ignorados, humilhados, etc,etc,etc.

E quase invariavelmente, também, concluímos que a culpa, a responsabilidade do que estamos a sentir, leia-se sofrer, é do outro, simplesmente porque não “respondeu”, não resolveu, não agiu de acordo com as nossas expectativas, as nossas prioridades, as nossas necessidades.

Porquê???!!! Indignamo-nos. Era tão óbvia a nossa necessidade!

Pergunto-me hoje: Serão assim tão óbvios para os outros os nossos sentimentos? Serão assim tão transparentes algumas das nossas tão veladas, e algumas delas tão inconsciente e secretamente guardadas, necessidades? Terão os nossos interlocutores compreendido realmente o(s) nosso(s) pedido(s)?

Não! Se assim não fosse, sentir-nos-íamos mais satisfeitos, mais realizados, mais felizes. E não teríamos, então, tanta necessidade de acusar. De gritar!

Acusar? Gritar? Eu acusei?! Eu gritei?!

Provavelmente não.

E provavelmente sim.

(continua)

O icebergue


"Só se vê com o coração. O essencial é invisível para os olhos".
Saint-Exupéry

Apenas 10% do icebergue é visível, enquanto os restantes 90% se encontram longe da nossa vista. Porém, "tomamos a parte visível do gelo pela totalidade do icebergue" (D'Ansembourg)
Passamos grande parte do nosso tempo a julgar, a rotular, a culpabilizar, com uma linguagem (des)responsabilizante, e utilizamos o sistema binário (branco/preto; positivo/negativo;...), tomando o pouco que vimos do outro pela sua realidade completa.
Violenta-se toda a beleza da pessoa, uma beleza que não se vê, porque é interior.
Um certo aspecto da pessoa despertou em nós medo, desconfiança, ira ou tristeza (...), então julgamos, reduzimos o outro a uma categoria, fechamo-lo dentro de uma gaveta. (D'Ansembourg)

Será que olhamos mesmo para o outro com o coração?

"If we wish to fully express anger,

the first step is to divorce the other person

from any responsibility for our anger."

- Marshall B. Rosenberg, Ph.D.




29 setembro 2006

Quando as minhas necessidades não estão satisfeitas...

Alguém, anonimamente, deixou um comentário ao texto que escrevi mais abaixo, intitulado "A empatia... na escola"... Confesso que, antes de conhecer as técnicas da Comunicação Não Violenta, seria capaz de responder "à letra" a esta colega anónima, deixando bem marcada a minha fúria, a minha raiva, a minha indignação, por me sentir tão profundamente ofendido com algumas afirmações aqui proferidas...
Porém, não é o que farei, pois, não me sinto minimamente atacado, nem ofendido com tais palavras!
Talvez a colega se sinta só, incompreendida pela tutela, revoltada contra as medidas que estão a ser tomadas "contra" ela e todos os professores deste país; precisa que o seu trabalho seja reconhecido e precisa que alguém a ouça... Pois, bem, aqui estou para OUVI-LA, ESCUTÁ-LA atentamente!
Sente-se indignada com o texto que escrevi... Sentir-se-ia melhor se eu proferisse palavras contra a Senhora Ministra da Educação, sentindo-se assim mais apoiada com a minha solidariedade, responsabilizando a Dra. Maria de Lurdes Rodrigues pelo mal-estar nas escolas.
Gostaria que eu escrevesse um texto bem violento contra as medidas e a política actual do Ministério da Educação, é isso?!
(realcei palavras no texto da colega que considero extremamente importantes para o estudo e aprofundamento da Comunicação Não Violenta; o tom do discurso também é tido em conta...)
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Anonymous said...

Estou pasmada com tanta flexibilidade e tolerância ...
O amigo é professor? Se o é onde ?!...
Quantos anos tem de serviço?
É que eu sou professora , vai para 29 anos , já apanhei todo o tipo de escolas , alunos , colegas e condições ...
Pergunto : Essa tolerância toda que tem ou diz que se deve ter , não terá a ver com o que tem por trás a "sustentá-lo"? Foi a Sra Ministra que lhe encomendou o sermão?!
Gostava de saber para que raio serve um computador numa sala de aulas no nordeste transmontano quando as criançinhas não teem aquecimento na sala e teem que levar uma latinha com as brasas para colocaram aos pés para se aquecerem . Pois a Sra Ministra não deve ter conhecimento desta escola e de muitas outras nas mesmas condições... é mentira se calhar !!! Vai p'ró saco !.
Além desta situação as crianças ficam tão longe de casa que teem que levar uma marmita com a sopa para aquecer , e um naco de pão com chouriço para se aguentarem toda a manha .
trabalhar no duro e a sério e depois venha criticar com fundamento os professores que teem sido vilipendiados na sua dignidade profissional .
E no estrangeiro onde para o ensino do Português ...?? Só na Alemanha 800 alunos nacionais estão desde Agosto sem aulas o governo não colocou lá docentes ...
Pouca vergonha não há dinheiro? Mas há dinheiro para pagarem chorudas pensões aos "senhores fulanos de tais " e depois arranjar-lhe mais um ou dois tachos como gestores de empresas publicas e se possível tachos vitalícios .
Olhe meu caro e mais não digo que ainda me vai acusar de falta de patriotismo , ou de uma qualquer cegada infantil.
Que Deus o ilumine e proteja a si e aos seus . 29/9/06 11:59

Não tenho palavras...

“Não tenho palavras para exprimir a minha solidão, a minha tristeza ou a minha ira.

Não tenho palavras para exprimir a minha necessidade de diálogo, de compreensão, de reconhecimento.

Então critico, insulto ou bato. Então injecto-me, bebo, ou entro em depressão”

Thomas D'Ansembourg, Seja Verdadeiro, (p.25)

Justiça Restaurativa


"A tal da "Justiça Restaurativa"
propõe-se escutar as emoções abafadas, soltá-las, identificar posições e interesses, facilitar o encontro das mesmas e, porventura, alcançar uma solução que se encaixe na abordagem conjunta de determinado evento criminal,
suas consequências e possíveis formas de reparação.
Se tal desiderato não ocorrer, pois então, estará o sistema tradicional de Justiça, último reduto de intervenção estadual neste âmbito, que deverá dar uma resposta eficaz na realização da Justiça, tal como a Lei a configura.
Tão simples são as coisas simples....
É apenas comunicar..."

Sónia Sousa Pereira
http://jusrespt.blogspot.com/2005_05_01_jusrespt_archive.html

Justiça Restaurativa em Portugal

21 setembro 2006

A empatia... na escola!

De acordo com o dicionário, o vocábulo empatia significa: de em + Gr. páthos, estado de alma - s. f., capacidade psicológica para se identificar com o eu de outro, conseguindo sentir o mesmo que este nas situações e circunstâncias por esse outro vivenciadas.

Enquanto, como professor, continuar a lamentar a "perda de autoridade" e procurar vãs formas de a recuperar, poucas energias canalizarei para ouvir os sentimentos e as necessidades dos meus alunos...
Enquanto continuar a exigir, a pedir, a mandar, a avaliar, a rotular, a analisar, a comparar, a culpabilizar e a falar demais e não aprender a dar espaço aos meus alunos para expressar, de facto, o que sentem e do que necessitam para nos envolvermos num diálogo criativo e pacífico, receio que nunca mudarei e não me abrirei à possiblidade de contrariar o crescente pensamento pessimista: "o mundo é cruel e, se quisermos sobreviver, também tenho de ser cruel!"... E a indisciplina aumenta, a agressividade verbal e física agravam-se, a falta de respeito e o conflito na sala de aula exacerbam-se!

Há dias, em conversa com um responsável de uma reconhecida editora livreira portuguesa, dizia-me que a publicação de obras na área das Ciências da Educação era um nobre esforço inútil, na medida em que os professores não os compram, logo, não os lêem! Lamentei o facto e concordei... Temos de ser mais curiosos, de saber mais e de conhecermos novas abordagens e técnicas de resolução de conflitos! Elas existem...

Cada vez mais ouço os professores afirmarem: "tenho de dar aulas", como se se sentissem obrigados, impelidos a cumprir uma obrigação, uma tarefa desagradável, onde não se evidencia a possibilidade da escolha. E dos alunos?! Ouço: "Tenho de ir para a aula..."
Pouco enriquecimento vejo nestas vidas... Onde pára a responsabilidade de cada um de nós?! Será que a organização-escola não tem a responsabilidade de criar, também ela, as melhores e sãs condições para que o bem-estar e a felicidade possam, de facto, ser uma realidade?!

Onde está a empatia na escola?! A Sra. Ministra da Educação também é responsável pelas atitudes de cada um?! Quando o aluno é enviado para fora da sala de aula, também devemos a culpa à atitude ou às medidas da Sra. Ministra?! Quando vemos os alunos a abandonar a escola e a ter insucesso, também a Sra. Ministra deve ser culpabilizada?!

Este blog, com tempo e espaço, irá abordar questões relacionadas com a empatia, a mudança ao nível pessoal e profissional e aprofundará, o mais possível, técnicas de comunicação que nos possam ajudar a minimizar os conflitos em vários momentos das nossas vidas, dando prioridade ao contexto escolar...

A ajuda e o contributo de todos os professores é essencial...

19 setembro 2006

"...adultos ensurdecidos falam para ouvintes proibidos de falar..."

Neste editorial, de Sérgio Niza, publicado na Revista Escola Moderna, nº 26, evidenciam-se graves atitudes que comprometem uma profissão digna e indispensável. Mais uma vez, destaco a necessidade de dominar técnicas de comunicação como meio de mediar conflitos que gradualmente se vão gerando nas escolas... Se deixarmos que se avolume este crescente ambiente de mal-estar, pouco tempo e energias nos restarão "...para a construção de uma relação positiva e desejada com o saber." (NIZA). E eu acrescentaria: "...COM O SER E O ESTAR"
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Numa reportagem de Isabel Leiria em O Público de 15 de Junho regista-se a declaração de uma professora, Sofia Pereira, a propósito da proposta de participação de pais na avaliação do desempenho profissional anual dos professores: «No outro dia uma colega minha mandou um aluno para a sala de estudo [leia-se, de castigo] e ele disse logo: “ainda bem que para o ano é o meu pai que vai avaliar os professores”.»

Mais do que a interessante resposta, importa reter a natureza do castigo para além da implícita expulsão da sala de aula a que o aluno acabava de ser sujeito.

Ocorre-me, a propósito, como, no decurso de um projecto de intervenção pedagógica em que participei na Escola Paula Vicente, fui surpreendido por uma medida do Conselho Directivo que se revestia do mesmo significado que aqui quero sublinhar.

Um grupo de professores desenvolveu, ao longo dos últimos anos, um rigoroso e inovador programa de animação das bibliotecas escolares para desenvolvimento do gosto pela leitura e para apoio ao estudo na escola, liderado por Conceição Rolo e Margarida Leão. O Conselho Directivo decidiu que os alunos desocupados, por falta dos respectivos professores ou por terem sido expulsos das aulas, passassem a ocupar obrigatoriamente, a partir de então, os espaços destinados ao trabalho de pesquisa documental, estudo e leitura recreativa, necessários para o desenvolvimento daquele programa fundamental.

São dois exemplos, hoje correntes, de formas de ocupação, sentidas como castigo pelos alunos, em espaços escolares que deveriam ser exaltados pelo seu valor essencial para a construção de uma relação positiva e desejada com o saber.

A banalização perversa com que os professores tratam lugares de cultura, transformando-os em sítios de privação e de castigo, denuncia a falsa relação que muitos desenvolvem com a sua profissão, que devia alicerçar-se numa função social indispensável de agentes culturais.

Na mesma reportagem de O Público, Elvira Duarte, professora em Almada, num apelo às famílias para que se mantenham ao lado dos professores, declarava que «um país que não respeita os seus professores é um país profundamente doente».

Para que todos nos possamos respeitar, é fundamental que cada professor comece por cultivar o discernimento crítico e o amor pelo saber.

As declarações e os actos que sublinho representam graves traições à profissão e à cultura.

Quando dos professores esperamos que sejam portadores de cultura e criadores de humanidade devolvem-nos a culpa que lhes pertence e devastam os lugares de construção dos saberes com a sua indiferença. São estes alguns sinais do profundo equívoco em que nos encontramos.

Vem tudo isto a propósito do Estudo, tão mal tratado nas escolas e pelos professores.

Na escola que temos, império do método simultâneo, onde adultos ensurdecidos falam para ouvintes proibidos de falar, é cada vez mais difícil encontrar lugar para trabalho de estudo. Essa actividade central do labor intelectual foi expulsa da escola e tornou-se trabalho para casa. Assim se revela, de entre outras demasiadas coisas, a degradação cultural a que chegou a escola e a profissão docente.

Neste número monográfico de Escola Moderna, Ângela Rodrigues apresenta a componente teórica do estudo empírico que nos comunicou no nº 21 de 2004 (pp. 33-63) a propósito das dificuldades reveladas pelos alunos ao nível dos seus hábitos de trabalho intelectual, especialmente na compreensão e representação gráfica de textos.

Trata-se agora de mais um importante contributo para a formação no Movimento, sobre os modelos de compreensão da leitura, das estratégias de essencialização da informação, de utilização prática fundamental para cada um dos nossos alunos, bem como de uma breve perspectiva sobre Modelos de Estudo.

Estes auxiliares para o trabalho intelectual, quando estudamos ou quando acompanhamos o estudo dos nossos alunos são um pequeno passo necessário para quem vê “a aprendizagem como um conjunto de processos de interacção, de negociação e de colaboração, passando por formas de conhecimento socialmente apropriadas e transformadas através desses processos”, como nos lembra a Ângela, citando Palincsar (1998), a propósito da perspectiva sócio-cultural que informa o nosso trabalho no Movimento.

Sérgio Niza

Movimento da Escola Moderna

As Palavras... de Eugénio de Andrade

Recordo com muita alegria e saudade o amigo e poeta já desaparecido, Eugénio de Andrade...
Presto-lhe aqui a minha homenagem, transcrevendo dois lindíssimos poemas que evidenciam a força das palavras. Nem sempre a violência física nos destrói, já que nem sempre é essa a "arma" que o ser humano utiliza para magoar ou aniquilar o outro, pois não?!

Tenhamos mais consciência da força, do impacto, da brutalidade que as nossas palavras podem ter, quando são ouvidas ou sentidas pelos nossos interlocutores! De onde vem a violência que brota de nós?! Por que razão não serão elas revestidas de paz, tranquilidade, amor e aconchego?!


As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

______________________

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


RTP1: Prós e Contras de 18 Setembro

Tal como muitos outros professores, pais e alunos deste país, e população em geral, não pude deixar de assistir ao programa televisivo de ontem na RTP1, sendo a temática bem do interesse de todos nós...
Não comentarei aqui neste blog as intervenções, afirmações ou questões ali abordadas, pois não é esse os apecto fulcral que desejo realçar.
Para evidenciar a minha visão do que ontem ouvi e vi, vou tomar a liberdade de transcrever um excerto de um livro de Marshall Rosenberg:

"Não faça nada que não seja por prazer"
«...acredito sinceramente que uma forma importante de autocompaixão é fazer escolhas motivadas puramente pelo nosso desejo de contribuir para a vida, e não por medo, culpa, vergonha, dever ou obrigação. Quando temos consciência do propósito enriquecedor para a vida que está por detrás de uma acção que fazemos, quando a energia da alma que nos motiva é simplesmente a de tornar a vida maravilhosa para nós e para os outros, então até o trabalho duro contém um elemento de prazer. Inversamente, uma actividade que de outro modo seria prazerosa deixa de sê-lo se for executada por obrigação, dever, medo, culpa ou vergonha, e acabará por gerar resistência".

No âmbito da CNV, foram muitos os comportamentos e a linguagem utilizados susceptíveis de ser analisados em profundidade, pois revestiram-se de enorme violência!

Colocaria aqui, então, apenas algumas questões para reflexão:

O mundo da Educação é maravilhoso! Em momento algum, durante o debate, senti alegria, felicidade ou prazer no que foi dito por todos os presentes...
Educar para a vida é único! Os responsáveis políticos, sindicalistas, professores, pais, alunos, representantes de associações ali presentes não mostraram qualquer empatia ou vontade de cooperar para construir lugares, espaços de comunicação sãos, para onde convergissem energias positivas... Que exemplo é este para as futuras gerações?!

Eu quero uma ESCOLA onde não me obriguem a fazer nada sem prazer, não me façam sentir culpado, não sinta medo ou vergonha! É este o clima que se vive hoje nas escolas portuguesas...
Hoje, tal como o nome do programa indica, é evidente para todos que estamos num campo de batalha! Nessa luta, saíremos vencidos, vencedores ou perderemos todos...

Quanto a mim, hasteio a bandeira branca, em prol dos meus filhos, das nossas crianças, dos nossos jovens, futuros cidadãos! Quanto a mim, tenho a responsabilidade e a plena consciência de, tal como o beija-flor deste blog, iniciar um processo muito mais difícil e árduo de procurar contribuir para o meu bem-estar e o dos outros... Como?! Procurando aprender a colocar-me no lugar do outro, desenvolendo a empatia, até nos momentos mais difíceis de ruptura e de má comunicação!

Por favor, façamos realmente alguma coisa útil e comecemos por nos sentar à mesa e por ouvir os sentimentos e as necessidades daqueles que nos rodeiam... Será isto mais difícil que continuar em conflito?!

17 setembro 2006

Os primeiros passos da descoberta

Para abrir este novo Blog, começaria por citar uma frase de Mahatma Gandhi:
"Que nós no tornemos a mudança que buscamos no mundo"
Tanto na nossa vida pessoal como profissional ou social, muitas vezes sentimos a necessidade de mudar. Mudar o nosso comportamento, a nossa postura, a nossa forma de comunicar, a nossa maneira de resolver conflitos interiores e com os outros.
Se pensarmos bem na frase de Gandhi, ocorre-nos, de imediato a questão: "Afinal, que mudança(s) procuro eu para mim e para o mundo?"
Como ser humano e cidadão responsável, em primeiro lugar, necessito de saber quem sou! Preciso de saber o que sinto, o que necessito! Só depois, muito depois, poderei dar resposta às necessidades do mundo.
Como marido, professor, educador, pai e encarregado de educação, também desejo saber o que pretendo de mim. Preciso de criar empatia com a minha família, filhos, alunos, os colegas de trabalho, os meus superiores hierárquicos... Sinto uma enorme necessidade de comunicar sem conflito, sem criticar, sem culpar, sem julgar... No fundo, eliminar todo o tipo de palavras, pensamentos passíveis de serem entendidos como violentos!
A minha filha, com 15 meses de idade, ainda não fala e só há poucas semanas começou a gatinhar. Tal como ela, irei (re)iniciar o meu percurso de vida... Começarei, humilde e modestamente, a (re)aprender a dar os primeiros passos em busca de mim próprio e dos que me rodeiam!
Assim, daqui em diante, neste blog, com a ajuda de várias pessoas e especialistas neste assunto, comprometer-me-ei a:
- libertar-me dos condicionalismos e dos efeitos de experiências passadas;
- transformar padrões de pensamento que conduzam a discussões, raiva e depressão;
- resolver conflitos pacificamente com os outros;
- criar relacionamentos interpessoais baseados em respeito mútuo, compaixão e cooperação.

Fica aqui, pois, o convite aos leitores deste Blog para se juntarem a esta aventura da descoberta de técnicas de aperfeiçoamento da comunicação não violenta! Com muito trabalho, muita leitura e muito esforço, estou convencido que as palavras de Gandhi se tornarão reais...

Também acredita?!