Simultaneamente, constato que todos parecemos cada vez mais convictos das nossas certezas, das nossas verdades, e daí ser cada vez mais difícil abdicarmos das nossas convicções e exigências.
E, independentemente da quantidade, da qualidade pragmática e/ou da autenticidade dos argumentos que suportam as nossas motivações, o resultado é, com frequência, o mesmo – não sermos compreendidos.
Quase instintiva e instantaneamente nos sentimos desrespeitados, ofendidos, maltratados, ignorados, humilhados, etc,etc,etc.
E quase invariavelmente, também, concluímos que a culpa, a responsabilidade do que estamos a sentir, leia-se sofrer, é do outro, simplesmente porque não “respondeu”, não resolveu, não agiu de acordo com as nossas expectativas, as nossas prioridades, as nossas necessidades.
Porquê???!!! Indignamo-nos. Era tão óbvia a nossa necessidade!
Pergunto-me hoje: Serão assim tão óbvios para os outros os nossos sentimentos? Serão assim tão transparentes algumas das nossas tão veladas, e algumas delas tão inconsciente e secretamente guardadas, necessidades? Terão os nossos interlocutores compreendido realmente o(s) nosso(s) pedido(s)?
Não! Se assim não fosse, sentir-nos-íamos mais satisfeitos, mais realizados, mais felizes. E não teríamos, então, tanta necessidade de acusar. De gritar!
Acusar? Gritar? Eu acusei?! Eu gritei?!
Provavelmente não.
E provavelmente sim.
(continua)
2 comentários:
“É o observador que faz a obra”.
Marcel Duchamp
“O meio é a mensagem”.
Marshall McLuhan
Agradecia que explicasse, por favor, a relação entre o texto publicado e estas citações...
Enviar um comentário