23 outubro 2006

Ao abandono...

"... na busca cordial de uma solução, se obtém uma qualidade de escuta e de respeito de tal ordem que a solução concreta por fim encontrada acaba por ser acessória à própria relação, e não o contrário!"

"Quantas vezes, no nossos relacionamentos, a qualidade da relação se torna acessória quando confrontada com os problemas concretos! Resolvem-se primeiro as questões de intendência, ou seja, de organização material, e só depois tratamos de nos entender, se sobrar tempo..."

"Enquanto eu não fizer o ponto da situação relativamente às minhas várias necessidades, sujeito-me a adoptar cegamente uma atitude que preencha uma única necessidade, pondo de parte todas as outras. O risco que se corre é a crispação na vida e, por fim, a anestesia."

"Se recalcarmos uma parte de nós sem nos darmos previamente ao trabalho de acolhê-la, arrastaremos para sempre connosco essa parte abandonada, porque não lhe dedicámos o necessário tempo de luto - já que nem sequer a deixámos viver. Essa parte de nós, deixada ao abandono, irá então pesar intensamente sobre as partes realmente vivas, pondo em risco o nosso impulso vital."

(D'Ansembourg)

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