21 janeiro 2017

Carta Para o Mundo


A Paz aprende-se. Não estamos a falar do estado pacífico como oposição à guerra. Falamos da serenidade, da tranquilidade interiores de cada indivíduo. Da bondade. Falamos da profunda simpatia pelo que o outro vive ou vivencia na consciência de uma humanidade comum e partilhada, o que inclui a bondade face a si próprio.

Ora, a compaixão é uma virtude central em todas as religiões, quer seja o budismo, o hinduísmo, o taoismo, o confucionismo, o judaismo, o cristianismo ou ainda o islamismo. Todas as tradições religiosas se baseiam na Regra de Ouro: "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti". Esta deve ser a doutrina central de todas as religiões a ser restaurada!

Baseada nesta regra fundamental, a britânica Karen Armstrong, após a sua participação numa conferência TED, em 2008, iniciou um breve documento com apenas 300 palavras, com contributos de pensadores, líderes religiosos de todo o mundo, além da participação de mais de 160 mil pessoas.

Lançada em 2009, a Carta foi traduzida em mais de 30 línguas e já foi assinada por mais de 3 milhões de signatários.

Esta é a Carta que transcende as diferenças religiosas, ideológicas e nacionais para se tornar num instrumento de mobilização global:

CARTA DA COMPAIXÃO

O princípio da compaixão é o cerne de todas as tradições religiosas, éticas e espirituais, nos conclamando sempre a tratar todos os outros da mesma maneira como gostaríamos de ser tratados. A compaixão impele-nos a trabalhar incessantemente com o intuito de aliviarmos o sofrimento do nosso próximo, o que inclui todas as criaturas, de nos destronarmos do centro do nosso mundo e, no lugar, colocar os outros, e de honrarmos a santidade inviolável de todo ser humano, tratando todas as pessoas, sem exceção, com absoluta justiça, equidade e respeito.
É necessário também, tanto na vida pública como na vida privada, nos abstermos, de forma consistente e empática, de infligir dor. Agir ou falar de maneira violenta devido a maldade, chauvinismo ou interesse próprio a fim de depauperar, explorar ou negar direitos básicos a alguém e incitar o ódio ao denegrir os outros - mesmo os nossos inimigos - é uma negação da nossa humanidade em comum. Reconhecemos que falhamos na tentativa de viver de forma compassiva e que alguns de nós até mesmo aumentaram a soma da miséria humana em nome da religião.
Portanto, conclamamos todos os homens e mulheres a restaurar a compaixão ao centro da moralidade e da religião, a retornar ao antigo princípio de que é ilegítima qualquer interpretação das escrituras que gere ódio, violência ou desprezo, garantir que os jovens recebam informações exatas e respeitosas a respeito de outras tradições, religiões e culturas, incentivar uma apreciação positiva da diversidade religiosa e cultural, cultivar uma empatia bem-informada pelo sofrimento de todos os seres humanos - mesmo daqueles considerados inimigos.
É urgente que façamos da compaixão uma força clara, luminosa e dinâmica no nosso mundo polarizado. Com raízes em uma determinação de princípios de transcender o egoísmo, a compaixão pode quebrar barreiras políticas, dogmáticas, ideológicas e religiosas. Nascida da nossa profunda interdependência, a compaixão é essencial para os relacionamentos humanos e para uma humanidade realizada. É o caminho para a iluminação e é indispensável para a criação de uma economia justa e de uma comunidade global pacífica. 
Conheça mais aqui, em charterforcompassion.org



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