No início de mais um ano e de um novo período lectivo, apeteceu-me colocar aqui algumas reflexões sobre a nossa necessidade mais vital: amar e sentir-nos amados. É tão vital que, segundo alguns autores, a falta de amor e das suas manifestações concretas, leva ao definhamento e mesmo à morte. Transcrevo de Isabelle Filiozat:
"Os homens são seres que vivem em relação. Alimentam-se tanto de carícias e de atenções como de pão. Privados de comunicação, sofrem. Aliás, o isolamento é a punição preferencial destinada aos prisioneiros rebeldes e também é utilizada como instrumento de tortura.
Há alguns decénios, o psicólogo suiço René Spitz observou bébés hospitalizados. Eram tratados, lavados e alimentados, recebiam todos os cuidados necessários e, no entanto, morriam. Os recém-nascidos começavam por gritar, chamar, depois calavam-se, já não gritavam, já não chamavam; tinham compreendido que era inútil. Encolhiam-se e refugiavam-se no seu interior. Deixavam de se alimentar e, sem fazerem barulho, deixavam-se morrer docemente. Spitz chamou a este síndroma "hospitalismo". Ninguém lhes sorria nem lhes falava, não eram importantes para ninguém, para quê viver? A partir destes trabalhos, o pessoal de saúde foi sensibilizado para esta questão, os mimos foram considerados como parte integrante dos cuidados e um dos pais pode ficar com o bébé na maior parte dos serviços pediátricos. Actualmente já só verificamos o "hospitalismo" nos orfanatos dos países pobres, totalitários ou em guerra, em que a urgência parece não ser a afectiva. Digo bem "parece"porque as crianças lá morrem tanto por falta de reconhecimento e de afecto como de fome ou de doença".
(FILIOZAT, Isabelle, em A Inteligência do Coração)."
Nas nossas sociedades ocidentais, de formação privilegiadamente intelectual, tem-se dado pouca importância às manifestaçãos exteriores de amor e afecto, às carícias. É tempo de irmos percebendo que elas "são tão importantes como o pão". E isso em todos os sectores onde se vai desenrolando a nossa vida: família, hospitais, escolas, trabalho...E é bom estarmos conscientes que não são apenas as crianças que precisam. Precisamos sempre, sempre, sempre...A Análise Transaccional (AT), uma psicopedagogia do crescimento fundada por Éric Berne, dá tanta importância a estas ´"carícias" que lhes dedica todo um capítulo e muitas horas de trabalho.
3 comentários:
olá!!
é...a vida requer decisões. Várias!
olha soh, visita la meu blog ta mutio bom mesmo assim como o seu.
http://mensagemdodia.blogspot.com/
Valeu!
Talvez seja mesmo por isto que se vê pessoas na rua que parecem morrer aos poucos...
É triste quando percebemos que se vive numa sociedade que dá cada vez mais importância aos valores materiais e se foi esquecendo de amar...
Um beijo
Não consegui ficar indiferente a esta observação terrível: "Os recém-nascidos começavam por gritar, chamar, depois calavam-se, já não gritavam, já não chamavam; tinham compreendido que era inútil. Encolhiam-se e refugiavam-se no seu interior. Deixavam de se alimentar e, sem fazerem barulho, deixavam-se morrer docemente."
Transpondo para os adultos, acabamos por ter o mesmo comportamento!
Fazemos tudo para ser reconhecidos, para que nos escutem, para que sintam que precisamos de atenção, de amor, de carinho, de AFECTOS!
Não sendo ouvidos, desencadeia-se a violência interior (exterior também). Ou então, instala-se o silêncio. Não o silêncio do bem-estar! Um silêncio , depressivo, doentio, avassalador, mortífero.
Quantas crianças, jovens e adultos clamam por amor? Um pouquinho de atenção apenas! Olhemos à nossa volta: o nosso marido, a nossa esposa, o nosso filho, o pai, a mãe... um familiar, um amigo!
Estando o Amor na sua plenitude, o resto acontece como por magia...
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